As Santas Casas, que são hospitais filantrópicos (sem fins lucrativos e que dependem de doações), se esforçam ao máximo para manter seus atendimentos e não fecharem as portas, e em Mogi Guaçu o cenário não é diferente.
Todo mundo sabe que o país vive um mo-mento difícil, já que a crise financeira obriga muita gente a mudar alguns hábitos, principalmente os de consumo. No entanto, o que foge do conhecimento de muitos é que não é de hoje que a saúde pública vive em crise. As Santas Casas, que são hospitais filantrópicos (sem fins lucrativos e que prestam relevantes serviços à saúde pública), se esforçam ao máximo para manter seus atendimentos e não fecharem as portas, e em Mogi Guaçu o cenário não é diferente.
Segundo o diretor-tesoureiro da Santa Casa, Sebastião dos Anjos Queiróz, a dívida atual do hospital gira em torno de R$ 7,5 milhões, sendo que R$ 3,9 milhões são de dívidas a curto prazo e R$ 3,6 milhões são de dívidas a longo prazo, “no linguajar médico, a Santa Casa está na UTI. ”
Queiróz explicou que essa dívida é exclusivamente em razão dos atendimentos públicos, que são muitos e custam caro, os gastos são com medicamentos, materiais hospitalares, oxigênio, exames gerais e fornecedores, “Todo mês, o SUS (Sistema Único de Saúde) manda uma verba de cerca de R$ 2 milhões, mas esse valor cobre apenas 60% dos gastos que temos, sendo assim, ficamos com um déficit de 40%”. Para se ter uma ideia, a Santa Casa de Mogi Guaçu atende, em média, três mil pessoas por mês.
De todos atendimentos prestados, 80% são de pacientes do SUS. Dentro dessa quantia enviada pelo governo federal está incluso os R$320 mil que a Prefeitura repassa à Santa Casa por meio do contrato de prestação de serviço aos pacientes do SUS.
No entanto, esse contrato não sofre reajuste desde 2013, o que resulta em um desequilíbrio financeiro. Para Queiróz, o ideal seria a Prefeitura remanejar a verba. “Nós da diretoria pedimos ao prefeito que a verba municipal aumentasse para R$ 663 mil, mas ele pediu uma redução nos atendimentos dentro do limite do que é pago, o que é impossível, já que não podemos chegar em uma determinada data do mês e não atender mais as pessoas, pois a Santa Casa é referência nos casos de urgência e emergência, e nos atendimentos de média e alta complexidade”. O diretor-tesoureiro ainda disse que os R$ 320 mil enviados pela prefeitura são destinados ao pagamento dos plantões médicos, que custam quase o dobro desse valor.
Recentemente, a Prefeitura doou à Santa Casa três terrenos que ficam no Jardim Ypê Pinheiro, cada um custa cerca de R$ 80 mil e deve ser vendido pelo hospital para ajudar nas dívidas. “A doação dos terrenos foi muito boa, no entanto, a Santa Casa precisa que o governo municipal pague os custos dos serviços prestados mensalmente”, enfatizou o diretor-tesoureiro. Outra parte dos recursos que faz a Santa Casa sobreviver e que também está inclusa na verba proveniente do SUS, vem do governo do Estado, que através do programa Pró-Santas Casas envia R$ 63 mil mensais, além disso, desde fevereiro de 2014, o governo estadual implantou o Santas Casas Sustentáveis, que ajuda com quase R$ 394 mil mensais, mas esse valor já foi maior, a crise financeira do país, no entanto, fez o benefício cair em 20%, sem contar que durante 4 meses esse montante deixou de ser pago por conta da baixa arrecadação de impostos.
O diretor-tesoureiro disse que, apesar de a Santa Casa estar na UTI, ela ainda é referência e está entre as 11 melhores do Estado. “Temos quase 600 funcionários, somos um parceiro potencial da comunidade e do governo municipal e estadual; precisamos ajudar o nosso hospital a avançar e não permitir que a mais antiga instituição da cidade (103 anos) possa parar”.